segunda-feira, 10 de abril de 2023

A todas as crianças envolvidas no episódio de Blumenau...


O mal não tem forma, mas ele se conforma de várias formas, inclusive em pessoas dessa espécie complexa denominada, pelos próprios humanos, de "humana". E se Deus a "conformou" à sua semelhança, então esta criatura já se esvaziou de humanidade, pois Deus, em sua sabedoria, não haveria de criar o homem para que matasse, sem motivo algum, uma criança indefesa. Cada um terá sua concepção de Deus, embora Deus não precise de nenhuma concepção humana para existir. Mas, todos, em estado puro de consciência, concordarão que, seja qual for a religião, Deus se personificará nos mais elevados arquétipos de justiça, dentre eles, numa passagem da Bíblia que diz (Provérbios 6, versículos 16 a 19):


16 Estas seis coisas o Senhor odeia; sim, sete a sua alma abomina:

17 Olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente,

18 O coração que maquina pensamentos viciosos, pés que se apressam a correr para o mal,

19 A testemunha falsa que respira mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.


Ora, se partamos do princípio espiritual, ético, básico de que um Deus conformou o homem à sua semelhança e se todas as religiões do mundo, desde o início da humanidade, a partir de que teoria for  (fique à vontade para escolher a teoria que quiser, a religião que quiser), pressupõem abominável "derramar sangue inocente", abominável inclusive entre facções criminosas, esta criatura que fez isso já não o fez em estado de humanidade, mas em estado de "coisa", na personificação do "mal" e, portanto, não me convence ao se dizer "arrependido", pois já não me parece "humano", já não o concebo como "humano"...


O que aconteceu em Blumenau, portanto, não tem explicação humana. Toda lágrima será enxugada (e só pode sê-lo) por Deus, em outro plano... São tantas teorias que tentam explicar a origem do mal, se ele de fato nasce com as pessoas ou se é provocado de alguma forma durante a formação delas... Talvez, neste momento, não saibamos explicar a origem do mal, mas podemos estar absolutamente certos de que ele existe e existe em pessoas que se dizem humanas e transitam no nosso meio, cujas atrocidades, não... estas não podem ser humanas, pelo menos não se adequam ao que aprendemos sobre ser humano, principalmente no convívio comum com pessoas que sabem sentir, e quando digo sentir refiro-me a saber amar, saber respeitar, saber zelar e, sobretudo, um amor, um respeito e um zelo pelos pequeninos que mal vieram ao mundo, ainda em estado latente, inclusive a despeito de toda maldade que não chegaram a presenciar... e, portanto, imersos na mais profunda confusão de tudo e contritos pela dor mais lancinante que existe, só nos resta consolo nos pensamentos em Deus, cada um à sua maneira...


Se a própria Bíblia, obra fulcral na formação ocidental sobre práticas como o amor e a justiça, aspectos inegociáveis para a formação do caráter de qualquer pessoa, entende que Deus odeia "quem" derrama sangue inocente... então, ao não conceber este indivíduo como humano, apenas reluto em reconhecer que, sim, os "humanos" podem ser "bons" ou "ruins"... Este "quem" se refere, justamente, às pessoas... Talvez aprendamos, no Novo Testamento, que Cristo amasse ao mundo por empatia, por piedade mesmo dos humanos, mas, com certeza, precisamos desnaturalizar estas atrocidades, como se fossem "parte da natureza humana" e, desta forma, devessem ser "ponderadas"... podem até fazer parte da "natureza humana", mas de uma parte que, certamente, "apodreceu", que qualquer religião, ou códigos variados, do mundo irá abominar e que, sem hesitação, devem ser cortadas pela raiz; não só em relação a um indivíduo, como é o caso do elemento em questão, mas cortadas das bases sociais profundas responsáveis pela formação ética, "humana", das pessoas...



Prof. Dr. Danillo Macedo

10 de abril de 2023. 





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