domingo, 15 de maio de 2022

Para sempre (Drummond) / Mãe (minha autoria)




MINHA LEITURA



Para Sempre 

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento. 
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade , "Lição de Coisas: poesia". São Paulo: J. Olympio, 1965.




MINHA LEITURA 

PARTE I



PARTE II




PARTE III




Mãe...

 

I

 

Nem sempre saberemos por onde é que devamos começar algo...

E, muitas vezes, nós é que somos “começados”...

É como tantas vezes já dissera Shakespeare ou Kundera

É sempre pela primeiríssima vez que vivemos esta quimera...

Como o ator que sobe ao palco sem nunca poder haver ensaiado

Começar se quer é o que há de mais importante

Como já ouvimos tanto de Salomão

Que melhor é o fim das coisas do que o começo

Os mais otimistas dirão que nem começar e nem terminar

Mas simplesmente caminhar e descobrir tudo com entusiasmo e espanto

 

Por onde houvemos começado mesmo?

Pouco importa...

A que fim levar-se-á tudo isto?

Pouquíssimo nos importa...

 

O mais importante da vida é vivê-la como ela mesma é

Um espetáculo mágico...

 

É como disse certa vez Guimarães Rosa

A vida é mágica e as pessoas não morrem

Elas ficam encantadas...

 

E como é encantador o nascimento

Portanto, louvemos e agradeçamos pela oportunidade de ser

Não cabe a nós a origem e o final das coisas postas

Cabe a nós agradecermos pela jornada, nela e após ela

Quiçá um dia retornaremos

E teremos qualquer que seja a resposta...

 

E de novo nos encantaremos pela magia da maternidade

O acontecimento sagrado

O evento espiral e místico

 

O amor materno é visceral

Conhece a dor e não teme a morte

Não estava contigo desde seu nascimento

Estava contigo mesmo antes, em cada entranha

Nos lugares mais platônicos da alma

 

A partir de então nada é mais especial

Nada do que faças superará a alegria de teu nascimento

Porque fora mais um dia escrito por uma estrela no firmamento

 

Mãe é colo inegociável e perene

Quando todos se cansam, é um cavalo a galope

Uma besta indomável e infrene

Que a tudo enfrenta por teu bem-estar

É quem te ampara e por ti chora

É quem te abençoa e também desforra

 

Nem sempre tua mãe será a mais perfeita do mundo

Com a máxima erudição e formação técnica

Mas poderá dar a ti o que não se encontra em nenhum mercado

Atenção, educação e motivação para seguir em frente

Se te elogia, é tudo...

E se te escuta, acredita em ti e te acolhe nas tempestades...

 

Portanto, enquanto podes, à tua mãe ou a quem em tua vida é como se fosse uma mãe para ti, dize: mãe, queria dizer-te: te amo!

Ou como dizem em língua espanhola: “te quero muito!”

 

 

II

Sua beleza excede a da magnânima flor

Cujo eflúvio transcende ao da mais pura mirra

Animosas metáforas tentam defini-la

Pois exemplo de graça e um ato de amor

 

Não se a põe um preço de mercado, que fosse material

Não se a ancora em uma beleza física

É de afeto incondicional, tenacidade mística

É um fado sagrado, a lide espiritual

 

Não se a imputa um partido ou se a taxa uma ideologia

É o querer-te bem sempre e dar a ti as mais firmes estribeiras

Mesmo que as próprias escolhas não tenham sido sobranceiras

Porque deseja que sejamos o que houvera sonhado um dia

 

O que podemos aprender com nossa mãe ou com quem a representa

Não são cálculos complexos ou verbos inconjugáveis

Nem sempre o conhecimento polido é o que nossa mãe ostenta

Mas com elas curamos nossas feridas e nos tornamos seres bem mais amáveis

 

O amor não se aprende com leituras extenuantes, noites adentro, até que amanheça

Tampouco valores como respeito, transparência ou uma verdadeira amizade

São coisas que se constroem dia a dia e se cultivam para que não se esmaeçam

Ame o amor de mãe; te amamos, mãe; este amor que é o embrião de tudo, de toda esta cumplicidade...

 

By Danillo Macedo

 

 

 https://danillomacedo.blogspot.com

 


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