MINHA LEITURA:
“Porque
o vento e o oceano são as únicas expressões sublimes do verbo de Deus, escritas
na face da terra quando ainda ela se chamava o caos. Depois é que surgiu o
homem e a podridão, a árvore e o verme, a bonina e o emurchecer” (Alexandre
Herculano)
Democracia (o
rótulo em frascos suntuosos)...
Utopia, mafiocracia, barbárie, demonstrações
funestas de imbecilidade...
Túmulos
silenciados, vozes distorcidas: sobrevivemos!
Alimentamo-nos
da luz da palavra diáfana: sobrevivemos!
O medo se impõe
sobre a matéria,
mas o espírito
resiste às coisas que o tempo reclama,
o tempo do
relógio.
O tempo é um
lodo que afunda, mas não se afunda.
Nada o resiste,
nada é imune...
A todos insiste
em devorar...
Cinismo: poder.
Poder: humanoides
esquizofrênicos...
Todos
miseráveis, de tudo, de toda merda que existe para serem menos patéticos...
Fanatismo:
angústia...
Todos vão
perseguindo algo que lhes faça menos hipócritas.
Menos robôs,
menos bonecos do sistema-mundo criado pelas pessoas mesmas do mundo...
E vão se
afundando mais, nos brinquedos que criaram, movidos pelo sangue dos outros...
Como um cachorro
que achou um bocado de carne e, mesmo sem ser perito em nadar, pulou, sem pestanejar,
num rio de forte correnteza, atraído pelo próprio reflexo que projetava um cão
e um pedaço de carne “maiores”...
Como eu dissera,
hipócritas, robôs de regimes imperfeitos, de preceitos sem nexo...
Correntes:
prendem um homem.
Mil correntes:
prendem mil homens.
Ideias: prendem
todos os homens sem uso de correntes.
Ideias: libertam
homens das correntes de ferro e das suas próprias convicções.
Ideias
criam-nas, a elas mesmas, mas também se projetam nas coisas que elas acreditam
existir conforme ela as concebe.
Ideias criam até
o que pensamos ser: somos a concepção que temos de nós mesmos?
Podemos escolher
ser o que somos?
Somos o que
dizem sermos ou o que achamos ser sem precisar de nossa matéria para existirmos
nelas, nas ideias fora desta matéria que achamos estar fora de nossas ideias?
Há tantas grades
quanto há culpa.
Há tanta fome
quanto há alguém desperdiçando comida protegida por muros e grades.
Há tanto sangue
porque há armas de todos os tipos (no mundo real e no mundo fictício...)
Há
tanta arma porque tem tanta gente com medo, escondida atrás daquelas enormes
grades atrás das quais escondem comida, joias, dinheiro que não sabem mais com
o que gastar, com quem gastar, onde, como, quando e, porra (!), morrem e os
filhos usam para se drogarem depois do funeral pomposo.
Há
tanta arma com gente que se armou pelo medo, mas inerme da coragem, não se
armou, se curvou da arma que é o próprio medo: uma arma também é o medo: a
subserviência psicofisiológica...
O medo que se
impõe sobre a matéria dos homens, sobre as coisas dos homens que se
materializaram nas coisas que eles aprenderam a amar: mais que aos outros homens
iguais a eles, mais que a própria família...
Os inimigos são
criados pelas ideias...
Os inimigos
criados pelas ideias criam outras ideias nas pessoas cujas ideias criadas criaram
outros inimigos...
mirror
effect...
Inimigos criados
por ideais presas em pessoas criam pessoas fora das ideias presas...
Estas pessoas
matam outras pessoas como se fossem seus inimigos ou suas ideias que se
tornaram suas inimigas, suas perseguições íntimas...
Mesmo sem nunca
terem visto os inimigos que suas ideias criaram...
Mesmo que suas
perseguições fossem criadas por suas ideias...
Matam seus
semelhantes, matam seus próprios espelhos...
genocide
effect...
Quanto mais
matam, menos se veem neles, e, não se vendo, menos percebem que matam a si
mesmos e se tornam sombras, fantasmas, a troco de nada: matéria, pó, sombra,
fumaça.
society of empty bodies
guided by shadows...
Os homens se
perderam nas coisas, se afundaram na própria mediocridade.
Seguiram outros
homens medíocres que se impuseram como os melhores do mundo.
A meritocracia
serve a estes homens “perfeitos”.
Mas, estes
homens "perfeitos" matam tantos outros homens que fica fácil para
eles se autodeclararem superiores sobre um exército de ossos: sobre o fedor de
peles e vísceras queimadas ascendem seus brasões ilusórios...
Ostentam suas
medalhas, onde já nem há mais olhos...
Seus prêmios
mundanos, levianos, entorpecidos pelo desejo de serem mais do que nunca
deixarão de ser: lixo orgânico...
Levam-nas ao
túmulo, junto com sua meritocracia genocida...
Vão para outro
plano, junto com seu pacto com a catástrofe...
Todo homem
recebe a dádiva divina de passar uma temporada na Terra...
Até o feto mal formado
no ventre de uma mãe...
Todos juntos,
não veem medalhas, mas outras almas idênticas às suas e ficam perplexos.
Alguns não creem
que a igualdade no plano espiritual é plena ou quase plena...
Não há
uniformes, hierarquias, protocolos, processos, toda esta merda criada pelos
programadores e programados do Sistema...
Modo
sistémico de juntar as partes dispersas da própria bestialidade...
Ratos que creem
ter mais valor do que a própria vermidez...
São de tudo:
juízes arrogantes, prefeitos corruptos, advogados confusos...
Artistas
soberbos, governantes prepotentes, policiais obtusos ...
Super-heróis da
Sociedade Morta, representada pela roubocracia:
os Homem-Merda
Representam seus
corpos vivos sobre uma sociedade que “sobrevive”
Reinam sobre
cadáveres:
Democracia
dos vivos na sociedade dos mortos...
Não deviam se
achar mais importantes que o pó espargido da estante...
Num único tempo
chamado Eternidade que dura o mesmo tempo de cada instante...
Todos ficarão
perplexos: não há alma rica e pobre, humilde ou esnobe, iracunda e serena...
Torpe e nobre,
bonita e feia, sublime ou rasteira, grande ou pequena...
As almas são
todas da mesma etnia:
sem sexo,
status, complexos, fama, grana, hierarquia...
O superstar não
será uma “super alma”!
Mas, como o
Fidalgo de Gil Vicente, será julgado como todos...
Não por juízes
displicentes, mas pela força criadora da vida...
Não por uma
sociedade imersa na superficialidade...
fugaz...
Mas, pela força
que criou a consciência...
E o amor, a
razão, o prazer, a alegria, a tristeza, a morte, a arte, a poesia, a ciência!
O espírito não
morre e o Cosmos nasce do Caos
O que Deus dá,
Deus não toma de volta
Mas, Ele guarda
a todos com suas asas
Recolhe os
frutos verdes, os maduros e os podres
E a tudo
aproveita
Os verdes,
guarda: amadurecerão...
Se não for na
aurora da vida, será na escuridão...
Dos maduros faz
bons pratos.
Os podres,
alguns regenera
Os infecundos,
não dá, joga para os ratos...
Tanta gente de
terno vira comida de rato...
Tanta gente de
toga vira comida, vira bosta de rato...
Tanta gente de Porsche
ou de bike
Tanta gente
descalça ou de Nike
Tanta gente
dedicada à religião
Tanto ateu,
judeu, francês,
Francisco,
Chico, Chinês, Alemão...
Tanta gente que
dizia “sim” nessa balbúrdia...
Tanta gente que
Ele tira da masmorra...
Tanta gente de
quem Ele tira a “coroa” e diz: não!
O fogo é para
todos...
Mas, o fogo
também restaura e prepara
Minha hipótese,
minha máxima temporária
Minha religião
tem sede de justiça
Meu Deus não
veste indumentárias faustosas
Não usa armas
ruidosas
Muito menos para
impressionar
Cumpre promessas
e ama antes de “educar”
Do latim educere
Ex
(para fora)
Ducere
(conduzir)
Leva-nos para dentro de nós
Para nos resgatar de nossa vaidade
E nos preparar
pra o mundo que está fora de nós
Leva-nos para
fora...
Levando-nos para
a Verdade...
Ama antes do educere...
Educa para a
Realidade...
Não finge ser o
que não é...
Não deixa feder
o que esconde
Não anda atrás
de posições remuneradas
Não cria leis
para o seu bem-estar
Meu Deus não é
deste mundo
Tudo que
escrevi, Ele já sabe
Não segue nenhum
partido fraturado, fodido...
Não é uma **** da novela das nove...
Cujo personagem
sequer é o de uma **** de verdade...
Nem um policial
que busca sua própria proteção...
Criam o ódio, a
dissolução, e os coletes para absorverem as pancadas da subversão...
Se existe um
Deus, não me é tal qual aquele político filho da **** que deixou a obra
inacabada...
Nem aquele
assaltante que matou por quase nada...
Como tem filhos
da **** na caminhada...
Nem eu, nem você...
Nem rico, nem
pobre, nem João, nem Pop-Star...
Se existe um
Deus, este não se discrimina em palavras,
neste português
vulgar...
Se existe um
Deus está no sorriso da criança...
Não está em
notas do Real ou Dólar...
Estará no gesto
simples...
O
insueto...
No amor, na
graça, na paz de espírito...
Se na estrela,
indiferente...
Se na babugem, a
do mar...
Fogo com fogo dá
mais fogo ainda...
O fogo destrói
os fracos, ou o que é fraco nos fortes...
O fogo limpa a
merda por cima da imagem mal formada...
O fogo só deixa
os melhores, ou o que há de melhor nos vis e nos nobres...
Quem não suporta
o fogo não suporta a prova...
Deus prova e
aprova quem ele acha que merece prova...
E reprova o que
há de sujo, mas ninguém é tão sujo que não possa ser provado no fogo...
Deus joga no
mar, na relva, mas às vezes, por amor, sempre por amor, também joga no lodo!
Ah, Céu, tu
mesmo existes?
Há, em ti,
pódios, palanques, púlpitos?
Se sim, me deixe
passar uma temporada no Inferno!
Para ver se
tenho menos repulsa destes títeres que aqui pulsam...
Ah, Céu, tu és
mesmo uma porta sempre aberta?
Ou tu és como
portas de bancos, prisões, corações?
Se sim, Céu,
deixe-me conhecer primeiro as sub-regiões do Inferno!
Talvez, lá, haja
um lugar menos cruel que as portas cerradas deste Céu...
Ah, Céu, tu
recebes os redimidos, até aqueles que se dizem meus inimigos?
Até aqueles que
maltratei, humilhei, com quem briguei, rejeitei, não ajudei?
Tudo bem, Céu...
Mas, até
políticos, Céu, e seus bonecos galardoados, que “passaram” em concursos ou
foram de forma “idônea” indicados?
Ah, Céu, por
favor, deixe-me visitar por alguns dias, semanas, meses (na Eternidade o tempo
nem prospera, é um relógio sem ponteiro, é uma erva que não murcha e não
cresce), ah, Céu, não me esquece!
Deixe-me lá um
pouco, então, vou perguntar ao Diabo como é ser Diabo e tal, pois, Céu, ir
descansar na Eternidade com políticos, *****, ninguém merece!
Ah, Céu, leva-me
para os seus recônditos...
No Céu não tem
pódio, concurso, cota, certame...
Ou terá?!
Deus abre, fecha
portas...
Não distribui
medalhas...
Não elege
canalhas...
Não há vagas
para carros caros de um lado...
E outras para
veículos desditosos...
Uma vida de
merda fadada ao fracasso e outra exitosa...
Todos assexuados
e regidos por uma energia etérea...
Despidos de
desejos efêmeros e riquezas ilusórias...
Não se trata de
um Comunismo barato, ou outro sistema dissimulado...
Como seria uma
Democracia de fachada...
Não é um reduto
de políticos que não fazem nada...
Nem de uma força
repressiva ociosa e corrupta...
Não é dividido
em lotes e quinhões nas mãos de uma dúzia de filhos da ****...
É o refúgio dos
deuses, dos anjos, dos mendigos, sofredores, surripiados...
É...
Simplesmente...
Nós,
desmaterializados,
desta vida
prepotente...
Não há regimes
insinceros como a “Democracia Representativa”
Que representa
os ricos, empresários, políticos, quando representa a ***** de alguma coisa...
Os sacos de
merda afundados em poltronas pomposas
Câmaras,
plenários, assembleias, bordeis, comícios
Coisas que
atraem os merdas que se chafurdam nelas como no lixo se revolvem os bichos
Democracia
Representativa: representam seus próprios interesses: criam leis que favorecem
a eles próprios...
Criam aparatos
de segurança para se protegerem dos outros animais “não políticos”
Que atrapalham
seus ideais, ou melhor, seus “negócios”...
Mas, o povo
vota, isso é democracia, *****!
Sim, só há
“democracia” durante o voto, do povo cativo
Após este ritual
em que somos coagidos
A irmos votar
nestes bandidos travestidos
Em seus ternos polidos
No mínimo,
precisamos registrar nosso voto
Branco ou nulo
Somos ou não
“patriotas”?
Em qual idiota
votar desta vez?
Ou nós é quem
somos os idiotas?
Descartados como
papel higiênico usado!
Pronto,
exercemos nossa “democracia”...
Até o próximo
espetáculo!
Adeus, até outro
dia!
Promessas vazias
que se perdem no espaço e no tempo
No tempo que
passa e que muda o espaço
Um carro para
cada político com mais “espaço”
Uma casa para
cada legislador ou juiz comprados
Uma casa agora
com mais “espaço”...
Para cada filho da **** que se vendeu a troco de mais “espaço”...
Nosso voto,
lembrando, que passado um tempo foi também parar no espaço!
Ou em algum
destes “espaços”...
Gastamos ou
perdemos nosso tempo tentando conquistar alguma cidadania?
A solução é se
tornar político também?
Ou nos tornarmos
alguma outra coisa torpe e contraditória que o valha?
Ou... deixar o
bonde andar e não fazer coisas tão deploráveis como vender o próprio voto?
Como seríamos
capazes de não ceder-nos nesta (ou a esta) vozearia?
Como é possível
não perdermos a esperança num futuro vário?
Haverá um só
homem ou mulher que dê algum exemplo digno da Humanidade em termos políticos?
Haverá uma única democracia que seja, verdadeiramente, “representativa”, que não traia na
pragmática a etimologia do termo desde seu sentido mais geral e semântico?
Apaguemos um
pouco a luz do porão do passado amargo...
E tenhamos fé
nas coisas boas que estão por vir...
Não nos iludamos
com coisas que passam e, portanto, nos traem...
Cultivemos o
amor, busquemos a justiça...
E Deus aparecerá
em nossas conquistas...
Ah, Céu, qual
religião seguir para te conseguir ou és tu quem me consegues?
Ah, Céu, mesmo
que no mundo mil portas me abrir, quando eu te bulir não me negues!
By Danillo Macedo