sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Aos títeres psicóticos


Mais uma participação minha no dia da poesia: esta, publicada no dia 01 de outubro de 2020:

https://www.youtube.com/watch?v=5AMJsoAnrHk


"Todo ser que se acha elitizado é também emburrecido; agoniza, rezingueiro, no lodo de mediocridade da sua própria arrogância; sua modéstia é seu orgulho lambendo as feridas da sua impotência; as falsas promessas: pérfidas ciladas; é um covarde que projeta nos outros suas próprias debilidades, pelas quais sente pavor de que outros o reprovem, e não mais se curvem ao seus brasões, seus títulos, seus certificados, dele, do falso elitizado e falso condecorado; "é um títere degenerado"; perde-se no emaranhado de suas desordenadas palavras e, quando finalmente se recompõe sobre sua carcaça social vazia, apoia-se nos devaneios que criou de si mesmo e arrasta o peso de seu corpo abjeto até seu consultório, ao seu trono (auto) reivindicado, até o caixa do supermercado, até a mesa do legista, até a sala de aula, até o escritório da delegacia, até o almoxarifado de uma revistaria, até o pátio das viaturas, até a escrivaninha, até o balcão, até o esgoto, até o metano polvilhar no chão... até o hospital, até a igreja episcopal, até o portuário roto, até às embarcações atracadas de um rio... até chegar em casa, se dopar dos remédios que prescreve (ou que lhe prescreveram...) e, finalmente, adormecer sobre seu vômito frio".

Prof. Dr. Danillo Macedo



terça-feira, 19 de maio de 2020

Televisão





“(...) o costume só deve ser seguido por ser costume e não por ser razoável ou justo, mas o povo o segue pela única razão de acreditá-lo justo” (Blaise Pascal, 1623 – 1662)



“(...) toda realidade humana é falta que se cava na medida em que se preenche”(Sartre, 1905 – 1980)





Gosto de assistir televisão

Para aprender no que não acreditar

Suas verdades delegadas

Servem a interesses determinados

Escritos aqui em novos rabiscos:

Entorpecimento da realidade

O que é a “realidade”?

Não pode ser estática

Flui na sucessão infinita das coisas

E toda narrativa sobre ela é um reflexo distorcido



Não são as imagens apelativas que desestimulam a realidade

O discurso dissimulado é o mais apelativo

Narrativas fabricadas em um laboratório de fanatismo e corrupção

Seus ideais, seus conceitos, nada é neutro

São fantoches dos grandes grupos de publicidade

Que ditam as regras dos braços fortes para o trabalho

Ratos que morrerão como qualquer um de nós

São o elo que gira a roda da fortuna

Mas, não da “Fortuna”

Violentam a inteligência

Controlam as massas

Cada vez mais ricos ajudam outros ricos a ficarem também mais e mais ricos

Ter dinheiro para gastar, isso não é ruim

Mas, enquanto uns não têm o que comer outros ganham milhões

Isso é a justiça do homem

A “meritocracia” da exploração

Todos os demasiadamente ricos deviam ser processados por enriquecimento ilícito

Até o Mestre dos mestres disse isso

Por meio de outras palavras

Não se trata de um Comunismo barato

Cada vez mais ricos, os ricos criam estratégias para se manterem no poder

E já não basta o poder econômico

Já é natural o dinheiro comprar tudo sem esforço para ascender a mais poder

Compram leis, a porra da polícia...

“super-heróis” de toga que alimentam e se alimentam do mesmo jogo sujo

Violentam a dignidade do trabalhador

Que não teve herança e já não tem tanta esperança

Mesmo o que se enriqueceu sem herança

O fez a custa do trabalho dos outros

Ninguém denuncia isto, ninguém gosta de falar sobre isto

Pois vítimas e culpados são “invisíveis”

São arquétipos, são objetos inanimados

Pelo menos, é nisso que querem que acreditemos

Fabricam até ideias, leis pútridas é o cotidiano

Somos todos vilipendiados

Na mesma oficina de ratos

Do rato que rói a própria merda da roda que gira do corpo que suspira

Mas não inspira nada além da própria condição vituperada

Ratos de merda que se comem uns aos outros até virarem pó



Pelas grades da roda, por trás das fardas, os maiores ratos hipócritas posando para fotos e focos de câmeras

Ratos que já viraram os grandes ratos que a fábrica de ratos quis que deles se fizessem

Por trás de togas e ternos: carcaças vazias

E sou o rato que repete, os passos na roda dos ratos, as mesmas verdades



A sociedade é um organismo podre que se conserva graças ao gelo da hipocrisia

(Enrique Jardiel Poncela)



Tão patéticos atores, atrizes, jornalistas, futebolistas que se vendem

E fazem da TV seu grande arauto subornado por favores, posições e dinheiro



Todos os dias, as pessoas escancaram suas bocas para engolir toda merda que jorra da televisão

Quando não abrem as pernas

Fábrica de ideias legitimadas na apelação

No assédio dos estímulos sensoriais

Na propagação do medo, o pânico é o enredo

Necessidade em se ter, desde cedo, coisas desnecessárias, mas criar este tipo de necessidade é “necessário”



Se esforçam para que sejamos o que não queremos ser...

para, a cada salário, comprarmos coisas que não precisamos ter



E, assim, seguirmos seus ritos, padrões – de moda, de alimentação – de mundos que não foram criados por nós, mas para nós



Nos livros não estão as respostas para todos os problemas do mundo

Mas todos os problemas do mundo podem ser encontrados nos livros

A televisão não traz, a ninguém, nenhuma resposta definitiva

Ela é mais um novo problema, embora não nos traga somente problemas

Ela pode ser usada, por exemplo, para a educação, a informação e o entretenimento

Mas, cuidado, este é um campo minado



 “toda realidade humana é falta que se cava na medida em que se preenche”

(Sartre)



Eu questionaria Sartre, o homem é livre para cavar ou para preencher de invenção de si mesmo seu próprio coração cujo vazio é do tamanho da sua própria existência?

Enquanto ser que escolhe revirar o entulho para erigir pedra por pedra os muros da vida



Sou uma criança perdida, que não foi aceita por nenhum orfanato mundano

Sou Drummond na sua contemplação no banco

Sou a contemplação

Sou a flor que rompe o concreto embaixo do banco

Com o coração muito maior que o mundo

Tão vasto, talvez profundo



Damos voltas e voltas como insetos a revolver a podridão que nos sobra

E, na TV, sobretudo “aberta”, aspiramos todas as merdas encomendadas por homens como nós, feitos da mesma matéria, que se desfaz a cada sonho interrompido



Somos sombra e matéria da nossa própria mediocridade

E, de novo, sou rato e rato, na oficina barata em que fingi ter sido rato, talvez eu seja mesmo um produto da oficina de ratos

Cuspindo em nossos cadáveres, cujos rostos estão cobertos por nossos lençóis maculados

Exumando nossa decadência, para tornarmos a cuspir e encobrir nosso desespero diante das coisas que amordaçam nossas palavras de agonia

Nos “informando” nos deixam “enformados”!



Aptos a acreditarmos em toda merda industrializada em fornos preparados com suor e sangue

Fábricas de ideias, de narrativas ilusórias sobre o que devemos ser

A partir dos modelos costurados às pressas sobre o que acham que deveríamos ser

Ratos, todos ratos que roem seus nervos agora

Coma com os ratos, venha ser rato, venha ser serpente, se entregue a meus devaneios, vamos, entre na máquina que fará de ti um novo rato



E, assim, nossos espectros, que fugiram dos nossos desejos mais espúrios, podem atuar no parque de diversões do mundo como quiserem, tanto quanto se manterem em suas confortáveis, embora ilusórias, posições de poder



Ah, seus ratos, não se livrarão dos fatos, até a juíza suprema, nossa madrasta, a Morte, nos recolher e nos por frente a frente na mesma condição, igualados pelos mesmos vermes que roerão cada milímetro de nossos ossos



A televisão seguirá sendo, no eco que deslumbraremos da nossa vida escapada, este objeto obsceno e de decoração

Para esconder a feiura do centro da sala

Mas, que seja mantida, o quanto for possível, desligada, à sua mais nobre função:

Mergulhar-se em silêncio profundo

Quanto mais saudável à nossa percepção, inviolada, das coisas



A televisão aberta e seu monturo de merda

Decidido a foder com a vida da massa não pensante

Ratos...



“Fábrica” de “verdades”

Ninguém pode apontar onde está “a verdade”

Às vezes, ela está num lugar intangível, dentro de nós

Quem diz que a verdade “é essa”, que “ela está aqui”, ou “ali do outro lado”, que “este é o caminho a se seguir”?

Falaz!



Mas, se o que eu digo é verdade, então eu também menti (tentando vender a “minha” “verdade”)

Mas, espere ai, tendo eu mentido, então, o que eu digo, na verdade, é verdade?!(e não quis vender coisa alguma...)

São só paradoxos semânticos

O sentido pragmático é o de que a única verdade é que ninguém pode ser dono dela...



Cospe na televisão e rende-te ao primeiro livro na estante!

Sobe a superfície das coisas e paira na singela dúvida, só por um instante!


by Danillo Macedo

segunda-feira, 23 de março de 2020

Democracia dos vivos na sociedade dos mortos: o Céu é uma porta que nunca se fecha...



MINHA LEITURA:


 

“Porque o vento e o oceano são as únicas expressões sublimes do verbo de Deus, escritas na face da terra quando ainda ela se chamava o caos. Depois é que surgiu o homem e a podridão, a árvore e o verme, a bonina e o emurchecer” (Alexandre Herculano)



Democracia (o rótulo em frascos suntuosos)...
Utopia, mafiocracia, barbárie, demonstrações funestas de imbecilidade...
Túmulos silenciados, vozes distorcidas: sobrevivemos!
Alimentamo-nos da luz da palavra diáfana: sobrevivemos!

O medo se impõe sobre a matéria,
mas o espírito resiste às coisas que o tempo reclama,
o tempo do relógio.
O tempo é um lodo que afunda, mas não se afunda.
Nada o resiste, nada é imune...
A todos insiste em devorar...

Cinismo: poder.
Poder: humanoides esquizofrênicos...
Todos miseráveis, de tudo, de toda merda que existe para serem menos patéticos...
Fanatismo: angústia...
Todos vão perseguindo algo que lhes faça menos hipócritas.
Menos robôs, menos bonecos do sistema-mundo criado pelas pessoas mesmas do mundo...

E vão se afundando mais, nos brinquedos que criaram, movidos pelo sangue dos outros...

Como um cachorro que achou um bocado de carne e, mesmo sem ser perito em nadar, pulou, sem pestanejar, num rio de forte correnteza, atraído pelo próprio reflexo que projetava um cão e um pedaço de carne “maiores”...

Como eu dissera, hipócritas, robôs de regimes imperfeitos, de preceitos sem nexo...

Correntes: prendem um homem.
Mil correntes: prendem mil homens.
Ideias: prendem todos os homens sem uso de correntes.
Ideias: libertam homens das correntes de ferro e das suas próprias convicções.
Ideias criam-nas, a elas mesmas, mas também se projetam nas coisas que elas acreditam existir conforme ela as concebe.

Ideias criam até o que pensamos ser: somos a concepção que temos de nós mesmos?
Podemos escolher ser o que somos?

Somos o que dizem sermos ou o que achamos ser sem precisar de nossa matéria para existirmos nelas, nas ideias fora desta matéria que achamos estar fora de nossas ideias?

Há tantas grades quanto há culpa.
Há tanta fome quanto há alguém desperdiçando comida protegida por muros e grades.
Há tanto sangue porque há armas de todos os tipos (no mundo real e no mundo fictício...)
Há tanta arma porque tem tanta gente com medo, escondida atrás daquelas enormes grades atrás das quais escondem comida, joias, dinheiro que não sabem mais com o que gastar, com quem gastar, onde, como, quando e, porra (!), morrem e os filhos usam para se drogarem depois do funeral pomposo.

 muro-ESPANHA-MARROCOS-cEUTA-MELILLA1

Há tanta arma com gente que se armou pelo medo, mas inerme da coragem, não se armou, se curvou da arma que é o próprio medo: uma arma também é o medo: a subserviência psicofisiológica...

 

O medo que se impõe sobre a matéria dos homens, sobre as coisas dos homens que se materializaram nas coisas que eles aprenderam a amar: mais que aos outros homens iguais a eles, mais que a própria família...

Os inimigos são criados pelas ideias...
Os inimigos criados pelas ideias criam outras ideias nas pessoas cujas ideias criadas criaram outros inimigos...

mirror effect...

Inimigos criados por ideais presas em pessoas criam pessoas fora das ideias presas...
Estas pessoas matam outras pessoas como se fossem seus inimigos ou suas ideias que se tornaram suas inimigas, suas perseguições íntimas...
Mesmo sem nunca terem visto os inimigos que suas ideias criaram...
Mesmo que suas perseguições fossem criadas por suas ideias...

Matam seus semelhantes, matam seus próprios espelhos...

genocide effect...

 

Quanto mais matam, menos se veem neles, e, não se vendo, menos percebem que matam a si mesmos e se tornam sombras, fantasmas, a troco de nada: matéria, pó, sombra, fumaça.

society of empty bodies guided by shadows...

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Os homens se perderam nas coisas, se afundaram na própria mediocridade.
Seguiram outros homens medíocres que se impuseram como os melhores do mundo.
A meritocracia serve a estes homens “perfeitos”.
Mas, estes homens "perfeitos" matam tantos outros homens que fica fácil para eles se autodeclararem superiores sobre um exército de ossos: sobre o fedor de peles e vísceras queimadas ascendem seus brasões ilusórios...
Ostentam suas medalhas, onde já nem há mais olhos...
Seus prêmios mundanos, levianos, entorpecidos pelo desejo de serem mais do que nunca deixarão de ser: lixo orgânico...

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Levam-nas ao túmulo, junto com sua meritocracia genocida...
Vão para outro plano, junto com seu pacto com a catástrofe...
Todo homem recebe a dádiva divina de passar uma temporada na Terra...
Até o feto mal formado no ventre de uma mãe...

Todos juntos, não veem medalhas, mas outras almas idênticas às suas e ficam perplexos.
Alguns não creem que a igualdade no plano espiritual é plena ou quase plena...
Não há uniformes, hierarquias, protocolos, processos, toda esta merda criada pelos programadores e programados do Sistema...

Modo sistémico de juntar as partes dispersas da própria bestialidade...

Ratos que creem ter mais valor do que a própria vermidez...
São de tudo: juízes arrogantes, prefeitos corruptos, advogados confusos...
Artistas soberbos, governantes prepotentes, policiais obtusos ...

Super-heróis da Sociedade Morta, representada pela roubocracia: os Homem-Merda
Representam seus corpos vivos sobre uma sociedade que “sobrevive”

Reinam sobre cadáveres:

Democracia dos vivos na sociedade dos mortos...

Não deviam se achar mais importantes que o pó espargido da estante...
Num único tempo chamado Eternidade que dura o mesmo tempo de cada instante...

Todos ficarão perplexos: não há alma rica e pobre, humilde ou esnobe, iracunda e serena...
Torpe e nobre, bonita e feia, sublime ou rasteira, grande ou pequena...

As almas são todas da mesma etnia:
sem sexo, status, complexos, fama, grana, hierarquia...

O superstar não será uma “super alma”!
Mas, como o Fidalgo de Gil Vicente, será julgado como todos...
Não por juízes displicentes, mas pela força criadora da vida...
Não por uma sociedade imersa na superficialidade...
fugaz...
Mas, pela força que criou a consciência...
E o amor, a razão, o prazer, a alegria, a tristeza, a morte, a arte, a poesia, a ciência!

O espírito não morre e o Cosmos nasce do Caos
O que Deus dá, Deus não toma de volta
Mas, Ele guarda a todos com suas asas
Recolhe os frutos verdes, os maduros e os podres
E a tudo aproveita
Os verdes, guarda: amadurecerão...
Se não for na aurora da vida, será na escuridão...
Dos maduros faz bons pratos.
Os podres, alguns regenera
Os infecundos, não dá, joga para os ratos...

Tanta gente de terno vira comida de rato...
Tanta gente de toga vira comida, vira bosta de rato...

Tanta gente de Porsche ou de bike
Tanta gente descalça ou de Nike
Tanta gente dedicada à religião
Tanto ateu, judeu, francês,
Francisco, Chico, Chinês, Alemão...
Tanta gente que dizia “sim” nessa balbúrdia...
Tanta gente que Ele tira da masmorra...
Tanta gente de quem Ele tira a “coroa” e diz: não!

O fogo é para todos...
Mas, o fogo também restaura e prepara
Minha hipótese, minha máxima temporária
Minha religião tem sede de justiça
Meu Deus não veste indumentárias faustosas
Não usa armas ruidosas
Muito menos para impressionar
Cumpre promessas e ama antes de “educar”
Do latim educere
Ex (para fora)
Ducere (conduzir)
Leva-nos para dentro de nós
Para nos resgatar de nossa vaidade
E nos preparar pra o mundo que está fora de nós
Leva-nos para fora...
Levando-nos para a Verdade...
Ama antes do educere...
Educa para a Realidade...

Não finge ser o que não é...
Não deixa feder o que esconde
Não anda atrás de posições remuneradas
Não cria leis para o seu bem-estar
Meu Deus não é deste mundo
Tudo que escrevi, Ele já sabe
Não segue nenhum partido fraturado, fodido...
Não é uma **** da novela das nove...
Cujo personagem sequer é o de uma **** de verdade...
Nem um policial que busca sua própria proteção...
Criam o ódio, a dissolução, e os coletes para absorverem as pancadas da subversão...
Se existe um Deus, não me é tal qual aquele político filho da **** que deixou a obra inacabada...
Nem aquele assaltante que matou por quase nada...
Como tem filhos da **** na caminhada...
Nem eu, nem você...
Nem rico, nem pobre, nem João, nem Pop-Star...
Se existe um Deus, este não se discrimina em palavras,
neste português vulgar...
Se existe um Deus está no sorriso da criança...
Não está em notas do Real ou Dólar...
Estará no gesto simples...
O insueto...
No amor, na graça, na paz de espírito...
Se na estrela, indiferente...
Se na babugem, a do mar...

Fogo com fogo dá mais fogo ainda...
O fogo destrói os fracos, ou o que é fraco nos fortes...
O fogo limpa a merda por cima da imagem mal formada...
O fogo só deixa os melhores, ou o que há de melhor nos vis e nos nobres...

Quem não suporta o fogo não suporta a prova...
Deus prova e aprova quem ele acha que merece prova...
E reprova o que há de sujo, mas ninguém é tão sujo que não possa ser provado no fogo...
Deus joga no mar, na relva, mas às vezes, por amor, sempre por amor, também joga no lodo!

Ah, Céu, tu mesmo existes?
Há, em ti, pódios, palanques, púlpitos?
Se sim, me deixe passar uma temporada no Inferno!
Para ver se tenho menos repulsa destes títeres que aqui pulsam...

Ah, Céu, tu és mesmo uma porta sempre aberta?
Ou tu és como portas de bancos, prisões, corações?
Se sim, Céu, deixe-me conhecer primeiro as sub-regiões do Inferno!
Talvez, lá, haja um lugar menos cruel que as portas cerradas deste Céu...

Ah, Céu, tu recebes os redimidos, até aqueles que se dizem meus inimigos?
Até aqueles que maltratei, humilhei, com quem briguei, rejeitei, não ajudei?
Tudo bem, Céu...
Mas, até políticos, Céu, e seus bonecos galardoados, que “passaram” em concursos ou foram de forma “idônea” indicados?
Ah, Céu, por favor, deixe-me visitar por alguns dias, semanas, meses (na Eternidade o tempo nem prospera, é um relógio sem ponteiro, é uma erva que não murcha e não cresce), ah, Céu, não me esquece!
Deixe-me lá um pouco, então, vou perguntar ao Diabo como é ser Diabo e tal, pois, Céu, ir descansar na Eternidade com políticos, *****, ninguém merece!

Ah, Céu, leva-me para os seus recônditos...
No Céu não tem pódio, concurso, cota, certame...
Ou terá?!

Deus abre, fecha portas...
Não distribui medalhas...
Não elege canalhas...
Não há vagas para carros caros de um lado...
E outras para veículos desditosos...
Uma vida de merda fadada ao fracasso e outra exitosa...
Todos assexuados e regidos por uma energia etérea...
Despidos de desejos efêmeros e riquezas ilusórias...

Resultado de imagem para anjo

Não se trata de um Comunismo barato, ou outro sistema dissimulado...
Como seria uma Democracia de fachada...
Não é um reduto de políticos que não fazem nada...
Nem de uma força repressiva ociosa e corrupta...
Não é dividido em lotes e quinhões nas mãos de uma dúzia de filhos da ****...
É o refúgio dos deuses, dos anjos, dos mendigos, sofredores, surripiados...
É... Simplesmente...
Nós, desmaterializados,
desta vida prepotente...

Não há regimes insinceros como a “Democracia Representativa”
Que representa os ricos, empresários, políticos, quando representa a ***** de alguma coisa...
Os sacos de merda afundados em poltronas pomposas
Câmaras, plenários, assembleias, bordeis, comícios
Coisas que atraem os merdas que se chafurdam nelas como no lixo se revolvem os bichos

Democracia Representativa: representam seus próprios interesses: criam leis que favorecem a eles próprios...
Criam aparatos de segurança para se protegerem dos outros animais “não políticos”
Que atrapalham seus ideais, ou melhor, seus “negócios”...

Mas, o povo vota, isso é democracia, *****!
Sim, só há “democracia” durante o voto, do povo cativo
Após este ritual em que somos coagidos
A irmos votar nestes bandidos travestidos
Em seus ternos polidos
No mínimo, precisamos registrar nosso voto
Branco ou nulo
Somos ou não “patriotas”?
Em qual idiota votar desta vez?
Ou nós é quem somos os idiotas?

Descartados como papel higiênico usado!
Pronto, exercemos nossa “democracia”...
Até o próximo espetáculo!
Adeus, até outro dia!

Promessas vazias que se perdem no espaço e no tempo
No tempo que passa e que muda o espaço
Um carro para cada político com mais “espaço”
Uma casa para cada legislador ou juiz comprados
Uma casa agora com mais “espaço”...
Para cada filho da **** que se vendeu a troco de mais “espaço”...
Nosso voto, lembrando, que passado um tempo foi também parar no espaço!
Ou em algum destes “espaços”...

Gastamos ou perdemos nosso tempo tentando conquistar alguma cidadania?
A solução é se tornar político também?
Ou nos tornarmos alguma outra coisa torpe e contraditória que o valha?
Ou... deixar o bonde andar e não fazer coisas tão deploráveis como vender o próprio voto?
Como seríamos capazes de não ceder-nos nesta (ou a esta) vozearia?
Como é possível não perdermos a esperança num futuro vário?
Haverá um só homem ou mulher que dê algum exemplo digno da Humanidade em termos políticos?
Haverá uma única democracia que seja, verdadeiramente, “representativa”, que não traia na pragmática a etimologia do termo desde seu sentido mais geral e semântico?

Apaguemos um pouco a luz do porão do passado amargo...
E tenhamos fé nas coisas boas que estão por vir...
Não nos iludamos com coisas que passam e, portanto, nos traem...
Cultivemos o amor, busquemos a justiça...
E Deus aparecerá em nossas conquistas...

Ah, Céu, qual religião seguir para te conseguir ou és tu quem me consegues?
Ah, Céu, mesmo que no mundo mil portas me abrir, quando eu te bulir não me negues!




By Danillo Macedo

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