Mãe...
I
Nem sempre saberemos por onde é que devamos começar
algo...
E, muitas vezes, nós é que somos “começados”...
É como tantas vezes já dissera Shakespeare ou Kundera
É sempre pela primeiríssima vez que vivemos esta
quimera...
Como o ator que sobe ao palco sem nunca poder haver
ensaiado
Começar se quer é o que há de mais importante
Como já ouvimos tanto de Salomão
Que melhor é o fim das coisas do que o começo
Os mais otimistas dirão que nem começar e nem terminar
Mas simplesmente caminhar e descobrir tudo com
entusiasmo e espanto
Por onde houvemos começado mesmo?
Pouco importa...
A que fim levar-se-á tudo isto?
Pouquíssimo nos importa...
O mais importante da vida é vivê-la como ela mesma é
Um espetáculo mágico...
É como disse certa vez Guimarães Rosa
A vida é mágica e as pessoas não morrem
Elas ficam encantadas...
E como é encantador o nascimento
Portanto, louvemos e agradeçamos pela oportunidade de
ser
Não cabe a nós a origem e o final das coisas postas
Cabe a nós agradecermos pela jornada, nela e após ela
Quiçá um dia retornaremos
E teremos qualquer que seja a resposta...
E de novo nos encantaremos pela magia da maternidade
O acontecimento sagrado
O evento espiral e místico
O amor materno é visceral
Conhece a dor e não teme a morte
Não estava contigo desde seu nascimento
Estava contigo mesmo antes, em cada entranha
Nos lugares mais platônicos da alma
A partir de então nada é mais especial
Nada do que faças superará a alegria de teu nascimento
Porque fora mais um dia escrito por uma estrela no
firmamento
Mãe é colo inegociável e perene
Quando todos se cansam, é um cavalo a galope
Uma besta indomável e infrene
Que a tudo enfrenta por teu bem-estar
É quem te ampara e por ti chora
É quem te abençoa e também desforra
Nem sempre tua mãe será a mais perfeita do mundo
Com a máxima erudição e formação técnica
Mas poderá dar a ti o que não se encontra em nenhum
mercado
Atenção, educação e motivação para seguir em frente
Se te elogia, é tudo...
E se te escuta, acredita em ti e te acolhe nas tempestades...
Portanto, enquanto podes, à tua mãe ou a quem em tua
vida é como se fosse uma mãe para ti, dize: mãe, queria dizer-te: te amo!
Ou como dizem em língua espanhola: “te quero muito!”
II
Sua beleza excede a
da magnânima flor
Cujo eflúvio transcende
ao da mais pura mirra
Animosas metáforas
tentam defini-la
Pois exemplo de
graça e um ato de amor
Não se a põe um
preço de mercado, que fosse material
Não se a ancora em
uma beleza física
É de afeto
incondicional, tenacidade mística
É um fado sagrado,
a lide espiritual
Não se a imputa um
partido ou se a taxa uma ideologia
É o querer-te bem
sempre e dar a ti as mais firmes estribeiras
Mesmo que as
próprias escolhas não tenham sido sobranceiras
Porque deseja que
sejamos o que houvera sonhado um dia
O que podemos
aprender com nossa mãe ou com quem a representa
Não são cálculos
complexos ou verbos inconjugáveis
Nem sempre o
conhecimento polido é o que nossa mãe ostenta
Mas com elas
curamos nossas feridas e nos tornamos seres bem mais amáveis
O amor não se
aprende com leituras extenuantes, noites adentro, até que amanheça
Tampouco valores
como respeito, transparência ou uma verdadeira amizade
São coisas que se constroem
dia a dia e se cultivam para que não se esmaeçam
Ame o amor de mãe;
te amamos, mãe; este amor que é o embrião de tudo, de toda esta cumplicidade...
By Danillo Macedo
https://danillomacedo.blogspot.com