sábado, 13 de agosto de 2016

Rios cadavéricos



Prédios do céu virado ao contrário, gotas petrificadas

Gotas mortas

Cães dividem com moribundos a última refeição do dia

Na noite fria, os poros dos colossos brilham

Enquanto rangem de frio as almas predestinadas ao flagelo

Ruas...

Deitados sobre elas os peixes idos

Dos rios estagnados

Que levam para o além-túmulo as almas exauridas

E espalham, sobre o Estige de concreto, ostras vazias

No Sambaqui das carcaças decaídas

Degeneradas aos olhos pulcros

Que se escondem atrás das redomas

Enquanto pelas ruas

Adormecem os peraltas e os cachorros

Em meio a flores desbotadas

Flanam insaciáveis helmintos

Nas lápides dos vivos

Manchadas por plectros decompostos

Que fedem ao miasma dos esgotos merencórios

Feridas abertas, os rios cadavéricos

Sim, ali moram homens e fantasmas

Como o silêncio que habita cidades

Como o tumulto que embala desertos


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