Porque
do lixo vieste e a ele retornarás
Bebe
da sarja a que a vida te esfacela
Acende
uma vela para o humor que te come a carne
Glorifica
o verme que te vigia enquanto dormes
Goza
do amor flácido
Triunfa
teu último gole
Ama
os louros fúnebres da tua última memória
Bebe
desta melancólica alegria
Esquenta-te
neste abraço que te esfria
Quando eras menino, sonhavas como menino
Agora
que és homem, vês apodrecerem os sonhos
E
persegues o sono
E
tentas atravessar o espelho
E
tentas ver sempre a mesma imagem
Aceita
perder, porque a vida é uma batalha perdida
Não
se goza nenhum triunfo
Nem
ricos, nem pobres
Goza-se
as fugas de cada instante
Eternizados
nos seus irrepetíveis momentos
Ali
ficaram presos na redoma da Eternidade
E
aquela vida abastada não acabou
E
aquele banquete em família
E
aquela família
E
a casa, e o carro, e a conta bancária
Nem
aquele que foi o último momento
Nem
aquele amor bobo
Nada
acabou
Porque
tudo acaba e nada começou...
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Danillo Macedo -