sábado, 22 de julho de 2017

Circe





 Parte I

Éclatement

Ménades
Vieram comigo
Escorregar
Pelo corpo, o fino feitiço
De desejo
Para esfumaçá-lo
E o esfumaçava
Com fluidos, colágenos
E adereços
Embaraçados nos dedos
Enquanto, do teto, ouvia-se
Criaturas celestes...




Parte II

Déchaîner

Eu, preso no espelho, vendo-me
Do lado de fora, de mim
E Circe, da janela
Lua Nova
Escondia sua face lá dentro

Do teto, os passos
Das lâminas, os poucos feixes de luz
Com que os versos desciam e entrecortavam
O parco sabor de amor encantatório
No que eram convertidas as falsas
Promessas mundanas

Ofereciam pedaços de poesia
A cada boca sedenta
Enclausurada

Não podia deixá-la entrar
Mas, embebia-me do seu veneno
Que vinha do hálito do vento



Espelhos quebrados
Demônios e anjos
Sem que eu soubesse qual dos dois era eu
Apenas estilhaços do olhar de Circe
Que refletiam semiescuridão
O semi-sorriso
Das túrbidas bordas


- Danillo Macedo -  



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