quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Cerrado


Declamação para o dia da poesia, TV UFG: https://www.youtube.com/watch?v=fA77hs2L-kY


Parte I: Ouro
O ouro é amarelo e de merda        
Brilha e faz os tão humanos lutarem
Quem é que junta mais
Dessa merda amarela

O dinheiro é verde. As coisas
Que representa podem ser trocadas

Satisfazem os homens essas merdas de coisas
Que têm a ideia das políticas genocidas

Parte II: Para que política?
Para inculcar nos merdas a ideia de que
Precisam se matar pela coisa do dinheiro inventado
Mataram o Cerrado
Extinto, como os Goyáz
As canelas de ema não resistirão
Jamais viverão mais mil anos de ignorância


Os Buritis, de 500 anos
Viraram nome de loja grande
Os aquíferos são basaltos
Tudo por causa da gema
No solo, que matou o Ortiz
O Bueno, o Albano, o Jauru e o bioma
As ervas, os diafragmas, são soja e milho
As savanas tornaram-se pastos de bois
Onde o homem cavara até o fundo
Atrás de ouro e de outras gemas
Quando já não se encontrava mais nada
Começaram a criar outras gemas
 




Foi-se tudo
Cerrado virou nome
O bioma se extinguiu
O presidente diz para que se cuide a Amazônia
O Cerrado está morto
É por a mão no peito e rezar
Ou dançar um “tango argentino”?

Parte III: Acabemos com tudo
Entupamo-nos de riquezas, ainda que custe a maior
A vida, a água, que ainda restam
Vamos, juntemos muito
E que se dane!






Quem daria nome a um planeta vazio?
Se sobrasse alguém: Planeta “Geração X”
Aquela que se aniquilou

“Divide um copo d’água com sete e até com oito
Porque não sabes que mal sobrevirá à Terra”
Diria Salomão


A Terra se converterá numa morta
Que brilhará ao longe, por muito tempo
Inócua, aos olhos de outras criaturas...

Danillo Macedo



sábado, 13 de agosto de 2016

Rios cadavéricos



Prédios do céu virado ao contrário, gotas petrificadas

Gotas mortas

Cães dividem com moribundos a última refeição do dia

Na noite fria, os poros dos colossos brilham

Enquanto rangem de frio as almas predestinadas ao flagelo

Ruas...

Deitados sobre elas os peixes idos

Dos rios estagnados

Que levam para o além-túmulo as almas exauridas

E espalham, sobre o Estige de concreto, ostras vazias

No Sambaqui das carcaças decaídas

Degeneradas aos olhos pulcros

Que se escondem atrás das redomas

Enquanto pelas ruas

Adormecem os peraltas e os cachorros

Em meio a flores desbotadas

Flanam insaciáveis helmintos

Nas lápides dos vivos

Manchadas por plectros decompostos

Que fedem ao miasma dos esgotos merencórios

Feridas abertas, os rios cadavéricos

Sim, ali moram homens e fantasmas

Como o silêncio que habita cidades

Como o tumulto que embala desertos


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Declamação para o dia da poesia, TV UFG: https://www.youtube.com/watch?v=D1peN0HQtAE Acabei por achar sagrada a desordem do meu espíri...